23 outubro 2006

Há que ter muito cuidado

Recebi esta mensagem há uns dias e resolvi que devia ser melhor postar. Cá vai :

" Cuidado ao sair à noite !!!



Leiam com atenção esta história REAL, pois pode suceder convosco um dia!



Há pouco tempo, um jovem decidiu ir a uma discoteca. Estava a divertir-se bastante, bebeu umas cervejas e conheceu uma rapariga que parecia gostar dele e que o convidou para outra festa. Aceitou e decidiu ir com ela.

Foram a um apartamento onde continuaram a conviver e a beber cerveja. Aparentemente, deram-lhe alguma droga misturada nas bebidas ...

Depois disso, não se lembra de ter acordado nu, numa banheira cheia de pedras de gelo. Ainda sob os efeitos da droga e da cerveja, olhou em volta e estava completamente só.

Encontrou um bilhete colado na parede perto, que dizia: "Ligue para o Pronto-socorro (estava lá o número) ou morrerá !!!"...

Viu um telefone por perto e ligou de imediato. Relatou o acontecido, explicando que não sabia onde estava, o que tinha bebido, e o motivo da sua ligação. A pessoa ao telefone orientou-o para sair da banheira e ver-se ao espelho. Aparentemente estava normal. Então mandou-o inspeccionar as costas. Aí percebeu que tinha dois cortes de 15 cm cada na parte baixa das costas. A pessoa que atendeu mandou-o entrar de novo na banheira e aguardar até chegar a
equipa de emergência que seria enviada.

Tinham-lhe ROUBADO OS RINS!!!



Foi levado para o Hospital, onde permanece ainda ligado a um sistema que o mantém vivo, esperando encontrar um dador com um rim compatível.

Cada rim tem presentemente um valor de 3 a 5 mil contos no Mercado Negro.

Podem fazer-se algumas deduções:

A segunda festa seria uma farsa, as pessoas envolvidas teriam conhecimentos médicos e as drogas que lhe deram destinavam-se a adormecê-lo e a prepará-lo para a cirurgia.

Existe uma nova máfia de crime organizado que tem como alvo pessoas que viajam em trabalho ou estudo. Esta máfia está bem organizada e financiada e conta com pessoal altamente especializado.

Age em muitas grandes cidades. Recentemente, tem estado muito activa em Buenos Aires, Paris, Milão e Lisboa.

O crime começa quando a pessoa vai a um bar ou discoteca ...
Uma pessoa aproxima-se e ao vê-o sentado (de preferência sozinho) ou com um grupo de amigos, começa a "meter conversa".

De seguida, a pessoa acorda num quarto de hotel ou num apartamento submergido em gelo na banheira, e consegue lembrar-se da última bebida que tomou. Há um bilhete colado na parede para ligar para o Pronto-socorro. Ao ligar, as pessoas que atendem que já conhecem este crime, orientam-no para ver cuidadosamente se tem um tubo que sai da parte baixa das costas.
Caso a pessoa encontre o tubo e responda positivamente, a pessoa que tende pede para não se mexer, e acciona os paramédicos para auxiliar.

Ambos os rins foram retirados. Isto não é uma farsa ou um conto de ficção científica, é real, tem sido documentado e confirmado.

Se sai o ou se conhece alguém que o faz, preste muita atenção.

Por favor, comente esta história, e conte-a a todas as pessoas que puder.


P.S. Façam repassem esta mensagem. NÃO é brincadeira !!! "

13 outubro 2006

Incoerência política em relação à polícia

Olá

Bem nos últimos dias temos assistido a uma coisa chamada incoerência. Ora infelizmente as nossas forças policiais não têm o treino devido e depois acontecem acidentes que não deviam acontecer como foram as mortes que lamentavelmente aconteceram ultimamente em perseguições na região do Porto.

Ora logo que se soube que isto tinha acontecido o “nosso querido” deputado Francisco Louça veio logo exigir que o ministro da administração interna fosse ao parlamento explicar o que se passou e acusou as forças de segurança de excesso de zelo e de abuso de autoridade e as pessoas implicadas deveriam pagar pelo que fizeram. Bem eu até poderia concordar com ele não fosse o facto de eles antes de se porem em fuga tentarem atropelar o polícia que lhes deu a ordem de paragem.

Poderia também estar de acordo com ele se antes uns dias um polícia não tivesse sido atropelado de ficado em estado não grave mas sim muitíssimo grave já que no mínimo ficará paraplégico e ficará basicamente estéril. Ora meu caros todos nós homens sabemos o quanto isto pode ser penoso psicologicamente pelo menos nos primeiros tempos, principalmente se já fomos férteis. Mas infelizmente não apareceu ninguém a dizer que iriam dar apoio a esse cidadão e à sua família que mais não fez que ser vítima de um acidente de trabalho, por sinal bem grave e que estava ao serviço do estado. Não apareceu nenhum deputado a dizer que seria possível punir o ou os responsáveis de tal acto odioso e repugnante.

Como poderemos querer que a polícia nos defenda se eles quando têm problemas nunca são defendidos nem apoiados????

Só lamento que quem sofre as consequências destes actos estúpidos sejam os cidadãos normais e nunca esses políticos sem coerência nenhuma que mais não fazem que comer e beber às nossas custas, pois a única coisa que eles fazem bem é aumentar o IVA e os outros impostos, na minha modesta opinião.

Outra coisa é feita por parte da comunicação social pois falam mal das forças de segurança, mas nunca os vejo a falar bem. Impressionantemente nunca nada está bem e parecem sempre querer decredibilizar essas forças seja de que maneira for. Ora porque será que nenhuma televisão falou como veio em alguns jornais, louvor lhes seja dado por isso, que os polícias têm no máximo 32 balas para treinos e se gastarem mais têm de as pagar. Porque ninguém fala que os coletes à prova de bala são pagos pelos próprios agentes e se numa perseguição tiverem o azar de estragar o carro têm de pagar o arranjo do próprio bolso???? Porque nunca ninguém fala nisto??

Porque nunca os deputados se insurgem contra isto??? Porque nunca falam em fazer como na Alemanha por exemplo em que sempre que há uma perseguição policial vão primeiro os polícias que vão a perseguir a pessoa ou as pessoas suspeitas e logo atrás vem um polícia para ver os estragos resultantes dessa mesma perseguição e fazer juntamente com os lesados um orçamento dos estragos e depois o estado paga tudo o que é devido. Ahhh meus caros não tenhais problemas porque primeiro os alemães têm uma mentalidade muito mais à frente que a nossa e não pensão como cá em passar a vida a “esfolar” o estado, pois eles neste caso só pedem o que lhes é devido.

Não estou a com isto a dizer que as forças policiais são umas santidades e que deviam ser veneradas. Nada mais errado. Há corrupção lá como em qualquer outro lado mas os corruptos devem ser punidos e os bons profissionais devem ser admirados e respeitados como pessoas de bem como todos nós gostamos que nos respeitem.

Cabe-nos a nós tentar mudar a nossa mentalidade em relação à PSP e à GNR e cabe-lhes a eles cumprir a sua missão e respeitar-nos a nós também pois só assim podem há ver relação sejam elas de que tipo forem, com muito e verdadeiro respeito.

Até à próxima malta.

11 outubro 2006

Moda, desfile em Espanha e anorexia nervosa



Olá pessoal

Bem há aproximadamente um mês se não me engano ou até nem tanto ouvi uma notícia que me alegrou imenso. Finalmente os produtores de eventos de moda tinham ganho algum juízo e tinham imposto condições decentes para participação das modelos no desfile impondo que estas tivessem um índice de massa corporal (IMC = peso/(altura^2)) não inferior ao normal, todas as que se encontrassem abaixo eram consideradas anorécticas e por isso eram automaticamente excluídas.

Ora digo isto porque como é sabido e aceite pela maioria das pessoas estes desfiles têm vindo a fazer com que as miúdas pensem que os homens gostam de mulheres super magras com umas mamas enormes em relação ao seu corpo. Ora isto faz com que as miúdas façam umas dietas loucas, entrem em depressão por não emagrecerem, e cheguem mesmo a ficar anorécticas associando muitas vezes a bulimia à anorexia para que os pais não percebam o problema.

Meus caros em primeiro para quem não sabe fica a saber as mulheres precisam de ter um terço do seu peso em massa gorda para poderem ter filhos saudáveis e os poderem amamentar como deve ser depois de os mesmos nascerem.

Mais a maioria dos homens gosta de mulheres compostas, não gosta delas muito gordas, mas também não gosta delas muito magras. Nós homens gostamos de pessoas normais, com a gordura normal de uma pessoa nem demais nem de menos. Para mim muito sinceramente as mulheres mais bonitas não são as muito magras, nem as que têm grandes mamas, ou grade rabo, para mim as mais bonitas são as que têm tem em proporção e isso salvo raras excepções todas podem ter mais um pouco aqui ou menos uma pouco ali isso não importa propriamente…

A última miúda com quem andei é muito boa pessoa e muito amável no entanto tinha um trauma enorme com o corpo e isso bloqueava tudo o resto. Não era possível ter uma relação saudável com ela, não só por isso mas com grande parte, porque para ela nunca estava bom era preciso sempre mais qualquer coisa no corpo e quando já fosse demais, para ela ainda não chegava para mim estes traumas eram e são causados nas miúdas pelas revistas de moda, desfiles e afins que traumatizam a moças com ideias estúpidas e descabidas e que destroem a vida de muitas delas irremediavelmente. Elas passam a viver para o corpo e não ao contrário ou seja a terem um corpo para viverem.

Ora por esta altura a nossa querida Fátima Lopes foi convidada para ir ao programa Portugal no coração juntamente com a Marisa Cruz e como isso tinha-se passado há poucos dias ou ainda se ia passar mas já era notícia na altura, os apresentadores, mais propriamente o Júlio Isidro, perguntou à Fátima o que ela achava e ela respondeu que não concordava pois segundo ela havia a mania de fazer da moda o bode de espia tório para tudo o que se passava de mal com a magreza das miúdas e que isso era falso. Ora eu compreendo que a minha querida Fátima, que faz mais por Portugal que os nossos políticos, não aceite muito bem a ideia, pois afinal é da moda que ela vive mas ela tem de compreender que isso é uma realidade. A moda é um padrão das adolescentes de hoje e que se elas vêem as outras magríssimas e vêem muitos homens atrás delas, não porque elas sejam bonitas mas porque têm muito dinheiro, e elas querem ser iguais. Se vão a uma casa e as peças são pequenas demais e não lhes servem elas imaginam que estão gordas e entram em paranóias.

Espero que tenha sido apenas um início e não apenas uma vez sem repetição, para ver se de uma vez por todas acabamos com este flagelo do mundo ocidental que é anorexia nervosa.

Até à próxima…

10 outubro 2006

1ºs jogos da lusofonia


Oi pessoal.

Bem hoje tenho uma notícia a meu ver maravilhosa. São os primeiros jogos da lusofonia a realizarem-se em Macau uma antiga província portuguesa agora pertencente à China.

Isto é uma notícia que me alegra imenso porque primeiro eu sempre defendi que devia haver maior interligação entre os povos de língua portuguesa, depois porque finalmente os nossos governantes chegaram a essa mesma conclusão e como tal decidiram fazer estes mesmos jogos com uma boa participação de todos os países visados que são: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, "Macau" (região da China), Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Guiné-equatorial, Sri Lanka e Índia, estes três últimos fizeram o pedido de participação e foram aceites devido às suas ligações históricas à língua portuguesa.

Estes jogos são compostos pelas seguintes modalidades: atletismo, Basquetebol, Futebol, Taekwondo, futsal, ténis de mesa, voleibol de praia e voleibol. É curioso também que na página oficial 1.os Jogos da Lusofonia tem a explicação de todas as modalidades e o que mais me alegra é a ausência de estrangeirismos inúteis e deploráveis usados pelas pessoas apenas com o intuito de esconder a sua ignorância em relação ao português correcto. Esta informação pode ser encontrada em informação desportiva.

Isto, espero eu é apenas o início de uma relação que nós CPLP (comunidade de países de língua oficial portuguesa) e os outros associados de Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa, para uma maior difusão da nosso bonita língua que é o português, língua essa que deriva do latim e que muitos insistem em maltratar e maldizer mas que é a quinta a sexta ou a sétima língua mais falado do mundo, é difícil perceber quem tem razão, mas uma coisa é verdade está entre as 10 mais faladas se bem que eu pessoalmente ache que está entre as 5 mais faladas, e basta pensar um pouco pra se chegar a essa conclusão.

Meus caros para mais informação podem ir à página do Instituto Camões e para saberm mais dos 1ºs jogos da lusofonia podem visitar a revista trimestral de desporto de Macau, ou então a página do Instituto do desporto do governo da região administrativa especial de Macau, que se encontra na língua portuguesa, cantonês e em inglês.

Para quem quiser tirar dúvidas sobre a língua portuguesa pode sempre ir a http://ciberduvidas.sapo.pt/.

Acabo esta postagem com uma homenagem a todos os países participantes pondo a sua bandeira oficial, o logótipo com a explicação, a mascote, o slogan e o hino do evento.


Hino

Não há terra nem há mar
Que consigam separar
Quem fala o idioma
Do coração
Não há tempo nem distância
Que apaguem a fragrância
De uma amizade
Que perdura

Não há credo nem há cor
Que abalem o ardor
Desta grande família
Que mora em todo o mundo
Vamos juntos celebrar
Este encontro singular
Em paz, harmonia
E plena comunhão

Gentes da lusofonia
Espalhem a vossa emoção
E a vossa alegria
Gentes da lusofonia
Partilhem a vossa paixão
E sabedoria

Há sabores e perfumes
E diferença nos costumes
Que trazem mais riqueza
À nossa união
Há no ar uma esperança
Há a fé numa mudança
Que transforme a nossa vida
Em algo bem melhor

Letra e música de Luís Pedro Fonseca




Slogan


4 Continentes, 1 Língua
Unidos pelo desporto ﹗



Logótipo

Tratando-se da realização dos primeiros jogos a Lusofonia, o logótipo escolhido não poderia deixar de transmitir uma mensagem positiva aos atletas que em Macau vão lutar por um lugar no pódio. Por isso o logótipo escolhido pelos membros da Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa representa o momento de cortar a meta por um atleta o que traduz um símbolo de energia e de acolhimento sentido nos recintos desportivos onde se desenrolam as competições.

No logótipo estão também “escondidos” dois caracteres chineses que simbolizam o número “um” na fita encarnada que representa a primeira edição dos Jogos da Lusofonia e o carácter que significa “ser humano” constituído em reunião com o corpo físico e o membro inferior do atleta para simbolizar o dinamismo e a vitalidade.


Mascote

Leo, uma palavra proveniente da Língua Chinesa, tem um som parecido com “vir a Macau” o que significa igualmente dar as boas vindas a todos os visitantes que se deslocarem à cidade durante os Jogos. Em português “Leo” equivale ao som enunciado em chinês.














Estas últimas informações e imagens foram tiradas da página http://www.macau2006.org/ que é a página oficial do evento.



Até à próxima pessoal.

09 outubro 2006

Finalmente o combate à corrupção

Finalmente neste país começa-se a pensar na corrupção como um crime tão mau como os outros e que fazem tão mal à nação.

No passado dia 5 de Outubro o nosso presidente da república Cavaco Silva focou praticamente em todo o seu discurso o combate à corrupção como o seu “cavalo de batalha” para esta sua legislatura, principalmente na frase “…é necessário que o combate à corrupção seja visto como um esforço a que todos são chamados…” o que me apraz imenso. Este tema já foi falado também na legislatura do anterior presidente da república Jorge Sampaio mas não de uma forma tão intensa.

Fico feliz também por um ministro do partido actualmente no poder, o PS , João Cravinho que já tinha levantado o problema aquando da sua estado no poder, no governo de António Guterres e que foi abafado pelo seu governo, também ele do PS , e que novamente tentou ser abafado pelos ministros do seu grupo parlamentar, o que me deixa a pensar quantos desses ministros estão com medo de serem apanhados nas “malhas” da justiça o que é imensamente lamentável e mostra o estado da justiça.

Hoje é também o dia de mudança de procurador geral da república que deixa de ser o senhor Souto Moura e passa a ser o senhor Pinto Monteiro. Espero que este novo procurador seja ainda melhor do que o anterior que para mim foi muito bom pois não se deixou levar por vontades políticas pois implicou no caso Casa Pia onde foram apanhados entre outros o senhor Carlos Cruz que era um famoso apresentador de televisão e o senhor Paulo Pedroso que é um ainda famoso deputado do PS e que foi recebido como herói quando saiu da cadeia, como se tivesse sido uma imensa “cavala” política contra ele e como se ele com este acontecimento tivesse feito com que o país ficasse imensamente melhor. Se ele é culpado ou inocente não sei e sinceramente isso não me interessa rigorosamente nada. Agora pensemos não seria uma grande estupidez do ministério público (o que é) prender alguém que tem tanta importância mediática, sim porque só aí é que pra mim eles são importantes pois de resto acho que todos somos iguais e não há diferenças entre cidadãos, sabendo que eles iriam pedir uma indemnização enorme e que ia deixa-lo em muitos maus lençóis. Na minha modesta opinião, eles foram presos porque havia realmente provas contra eles, se são verdadeiras ou não isso cabe aos tribunais decidir.

Gosto muito também do antigo procurador pois foi no mandato dele que começou o caso do Apito Dourado em que se combatia a corrupção desportiva que infelizmente está imensamente instalada no nosso país e também na Europa e no mundo do futebol, a começar pela FIFA como se pôde ver neste mundial 2006.

Infelizmente acho que foi mal dirigido o processo do Envelope 9 (ou em) em que a “montanha pariu o rato”.

O pacto da justiça feito pelos dois maiores partidos PS e PSD , e deixando de fora os pequenos partidos com representação parlamentar CDS/PP , PCP e BE , o que para mim é bom e mau, este novo pacto da justiça fala também neste combate à corrupção.

Uma coisa que me espantou também hoje foi que ao ouvir o fórum TSF que passou nesta mesma estação de rádio sobre este mesmo tema, quando um ouvinte acusou um número considerável de pessoas e foi, passado algum tempo, desligado pois supostamente o fórum não era um tribunal e estes temas não eram pra ser julgados no fórum. Meu caros não seremos livres de expressar a nossa indignação pelo que se passa actualmente no estado da justiça e com as pessoas que não são julgadas porque um sem números de “jogadas por baixo da mesa”.

Esperemos caros leitores que isto não seja mais uma vez “uma montanha que pariu um rato” e que não seja apenas e só, uma vez mais “muita parra e pouca uva” pois Portugal precisa de acção, e de medidas concretas e não mais de meias medidas. Vamos lá ver no que isto dá meus caros.

08 outubro 2006

Papa, Islão e liberdade de expressão

Há bem pouco tempo aconteceu algo que ninguém esperava e que deixou as pessoas confusas, algumas irritadas e outras contra o Papa.

Ora mais uma vez os árabes mostraram o que tão bem sabem fazer – confusão. Chegaram até a fazer caricaturas a gozar com a situação que diziam “Morte a todos os que dizem que os muçulmanos são violentos”.

Achei piada aos terroristas que prontamente se deram ao trabalho de prontamente ameaçar o Papa por este ter citado um imperador bizantino, no seu discurso na universidade alemã, e de ameaçar também todos os cristãos de todo o mundo principalmente os países ditos cristãos.

Eu espero sinceramente que eles tenham consciência de que nós não estamos aqui pra levar na cabeça e que não nos iremos ficar se formos atacados pois somos pessoas tal e qual como eles gostamos do respeito e não vamos tolerar seja o que for que nos retire a nossa liberdade.

Um juiz jordano disse há uns tempos num tribunal daquele país que os muçulmanos tinham de ver para onde caminhavam pois o Islão era o primeiro a falar de respeito pelo próximo e de liberdade de expressão.

Espero meu caros que todos os que cá venham estejam dispostos a lutar por aquilo em que acreditam e já não estou a falar de lutar pelo cristianismo, estou a falar de lutar pela nossa civilização pois como dizia William Wallace aquando de uma das primeiras guerras contra os ingleses “Isso podeis fugir e conservar a vossa vida por mais uns anos, mas no dia da vossa morte ides desejar poder trocar todos esses anos da vossas vida por um único dia como este em que podeis lutar e mostrar-lhes que eles podem tirar a vossa vida mas nunca poderão tirar a vossa liberdade” e eu faço minhas as palavras deles para todos aqueles que têm medo dos muçulmanos e de lhes mostrar que se for preciso nós lutaremos para defender aquilo em que acreditamos.

Não sou a favor da violência muito pelo contrário e como uma bom praticante de artes marciais que tento ser, penso que a luta é a ultima das coisas que se deve fazer, mas como é dito no filme "Momento da Verdade 3" em que em vez do Daniel-san quem o acompanha é uma miúda e quando está já no fim do filme ela lhe diz: “Admita Mr Myagy deu-lhe uma valente sova” este lhe responde: “Lutar não é bom, mas quando lutarmos que seja pra ganhar”. É assim que eu penso também. Sei que se eclodir uma guerra de religiões irá ser desastroso, e será muito difícil arranjar uma maneira de fugir ao conflito mesmo para aqueles que queiram pois com as armas de hoje a coisa fica muito complicada.

Vamos lá ver no que isto dá.

Abraços e beijos pessoal.

05 outubro 2006

5 de Outubro de 1910 - PORTUGAL

O Que Foi o 5 de Outubro?




Nos dias 4 e 5 de Outubro de 1910 alguns militares da Marinha e do Exército iniciaram uma revolta nas guarnições de Lisboa, com o objectivo de derrubar a Monarquia. Juntamente com os militares estiveram a Carbonária e as estruturas do PRP (Partido Republicano Português). Na tarde desse dia, José Relvas, em nome do Directório do PRP, proclamou a República à varanda da Câmara Municipal de Lisboa. No dia 6 o novo regime foi proclamado no Porto e, nos dias seguintes, no resto do país. Em Braga foi-o no dia 7, tendo tomado posse da Câmara o Dr Manuel Monteiro.

A queda da Monarquia já era de esperar. Dois anos antes D. Carlos e D. Luíz Filipe haviam sido assassinados por activistas republicanos. O reinado de D. Manuel II tentou apaziguar a vida do país sem sucesso. Foi um reinado fraco e inexperiente. Apesar de o 5 de Outubro não ter sido uma verdadeira revolução popular, mas sobretudo um golpe de estado centrado em Lisboa, a nova situação acabou por ser aceite no país e poucos acreditaram na possibilidade de num regresso à Monarquia.

Seguiu-se um período de democracia republicana, caracterizado por forte instabilidade política, conflitos com a Igreja, mas também grandes progressos na educação pública. A chamada I República Portuguesa terminou em 1926, com o golpe de 28 de Maio, a que se seguiram muitos anos de ditadura.

Após o 5 de Outubro foi substituída a bandeira portuguesa. As cores verde e vermelho significam, respectivamente, a esperança e o sangue dos heróis. A esfera armilar simboliza os Descobrimentos, os sete castelos representam os primeiros castelos conquistados por D. Afonso Henriques, as cinco quinas significam os cinco reis mouros vencidos por este Rei e, finalmente, os cinco pontos em cada uma as cinco chagas de Cristo. O hino A Portuguesa , composto por Alfredo Keil tornou-se o hino nacional.

Texto tirado de: http://www.di.uminho.pt/~lsb/lena/historia/5out.html

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5 DE OUTUBRO (DE 1910... E DE 1143)

Sem procurar criar divisões mais ou menos "artificiais" entre os portugueses, no dia de hoje, não se comemora apenas a implantação da República, a 5 de Outubro de 1910.

No mesmo dia, em 1143, pelo Tratado de Zamora, "oficializava-se a fundação de Portugal".

Sobre a evolução dos símbolos nacionais (em particular da bandeira), vidé esta página:

"A bandeira nacional, da autoria de Columbano, João Chagas e Abel Botelho, foi adoptada pelo regime revolucionário de 5 de Outubro de 1910. De acordo com o Decreto-lei de 19 de Junho de 1911, a bandeira tem as cores verde (dois quintos) e vermelha (três quintos), com o escudo de armas na linha divisória."

Significado dos símbolos e cores:

- As 5 quinas simbolizam os 5 reis mouros que D. Afonso Henriques venceu na batalha de Ourique.

- Os pontos dentro das quinas representam as 5 chagas de Cristo. Diz-se que na batalha de Ourique, Jesus Cristo crucificado apareceu a D. Afonso Henriques, e disse: "Com este sinal, vencerás!". Contando as chagas e duplicando as chagas da quina do meio, perfaz-se a soma de 30, representando os 30 dinheiros que Judas recebeu por ter traído Cristo.

- Os 7 castelos simbolizam as localidades fortificadas que D. Afonso Henriques conquistou aos Mouros.

- A esfera armilar simboliza o mundo que os navegadores portugueses descobriram nos séculos XV e XVI e os povos com quem trocaram ideias e comércio.

- O verde simboliza a esperança.

- O vermelho simboliza a coragem e o sangue dos Portugueses mortos em combate.

[1733]

Texto tirado de: http://memoriavirtual.weblog.com.pt/arquivo/024966.html

Bem pessoal por hoje é tudo. É muito bom termos um feriado mas também é bom sabermos porque é que ele existe.


03 outubro 2006

O tão badalado discurso de Bento XVI

Oi pessoal

Depois de três exames de faculdade feitos, que me deixaram sem tempo pra cá vir, estou de volta hoje com uma coisa que deu imensa polémica, de que toda a gente falou mas que de certeza que pouca gente conhece. O discurso do Papa Bento XVI (o antigo cardial Joseph Ratzinger). Está destacado o trecho que deu toda esta polémica:



Fé, Razão e Universidade: Memórias e Reflexões

Discurso do Papa na Universidade de Regensburg
(tradução da versão inglesa)


Vossas Eminências, Vossa Magnificência, Excelências,
Distintos Senhoras e Cavalheiros,

É uma experiência comovente para mim estar de volta à universidade e poder, mais uma vez, dar uma lição neste pódio. Penso naqueles anos em que, depois de um período agradável na Universidade de Freisinger, comecei a ensinar na Universidade de Bona. Estávamos em 1959, nos tempos em que a universidade era feita de professores catedráticos. As várias cadeiras não tinham nem assistentes nem secretarias, mas em recompensa havia muito mais contacto directo entre estudantes e entre os próprios professores. Encontrávamo-nos com frequência antes e depois das lições nas salas de professores. Havia um intercâmbio vivo com historiadores, filósofos e, naturalmente, entre as duas faculdades de teologia. Uma vez por semestre havia o dies academicus, em que professores de cada faculdade apareciam perante os estudantes de toda a universidade, tornando possível uma experiência genuína da universitas – algo que V. Ex.ª também, Magnífico Reitor, acabou de mencionar – a experiência, noutras palavras, do facto, de que, apesar das nossas especializações que, por vezes, tornam difícil comunicarmos uns com os outros, fazemos parte de um todo, trabalhando em tudo na base de uma racionalidade única nos seus vários aspectos e partilhando responsabilidade no uso adequado da razão – esta realidade tornava-se uma experiência vivida. A universidade tinha também muito orgulho das suas duas faculdades de teologia. Era claro que, inquirindo sobre a razoabilidade da fé, também levavam a cabo um trabalho que era necessariamente parte do “todo” da universitas scientarum, mesmo se nem toda a gente pudesse partilhar da fé que os teólogos procuram correlacionar com a própria razão. Este sentimento profundo de coerência da razão dentro da universidade não foi sequer perturbado, mesmo quando uma vez foi noticiado que um colega nosso dissera algo estranho acerca da nossa universidade: que tinha duas faculdades dedicadas a algo que não existia: Deus. Mesmo face a tão radical cepticismo é ainda necessário e razoável colocar a questão de Deus pelo uso da razão, e fazê-lo no contexto da tradição da fé cristã: isto, na universidade, considerada na sua totalidade, era aceite sem qualquer questão.

Fui recordado disto, quando recentemente li a edição do Professor Theodore Khoury (Münster) de parte do diálogo levado a cabo – talvez em 1391 no acampamento de Inverno perto de Ankara – entre o erudito Imperador Bizantino Manuel II Paleólogo e um intelectual Persa sobre o assunto da Cristandade e do Islão e a verdade de ambos. Presumivelmente foi o Imperador que iniciou este diálogo, durante o cerco de Constantinopla entre 1394 e 1402; e isto explicaria porque é que os seus argumentos são mostrados em maior detalhe do que os do seu interlocutor Persa. O diálogo situa-se largamente nas estruturas da fé contidas na Bíblia e no Corão e trata especialmente a imagem de Deus e do homem, ao mesmo tempo que retorna sucessivamente à relação entre – como são chamadas – as três “Leis” ou “regras de vida”: o Antigo Testamento, o Novo Testamento e o Corão. Não é minha intenção discutir esta questão nesta lição; eu gostaria de discutir aqui apenas um aspecto – ele próprio bastante marginal ao diálogo na sua totalidade – que, no contexto do tema “fé e razão”, me parece interessante e serve como ponto de partida para a minha reflexão sobre esta matéria.

No sétimo colóquio ("diálesis" – controvérsia) editado pelo Professor Khoury, o imperador toca no tema da guerra santa. O imperador devia saber que surah 2, 256 diz: “Não há compulsão nas coisas da fé”. De acordo com os peritos, este é um dos suras do período inicial, em que Maomé não tinha ainda qualquer poder e era perseguido. Mas o imperador também conhecia as instruções, mais tardes desenvolvidas e transcritas para o Corão, e que dizem respeito à Guerra Santa. Sem descer a detalhes, tais como as diferenças em tratamento relativas aos que seguiam o “Livro” e aos “infiéis”, ele dirige-se ao seu interlocutor com uma brusquidão inesperada que nos surpreende acerca da questão central sobre a relação entre religião e violência, em geral, dizendo: “Mostra-me o que é que Maomé trouxe de novo e aí apenas encontrarás coisas más e desumanas tais como a sua directiva de espalhar com a espada a fé que pregava”. O imperador, depois de se ter expresso assim tão fortemente, segue para explicar em detalhe as razões pelas quais divulgar a fé pela violência é qualquer coisa de irrazoável. A violência é incompatível com a natureza de Deus. “Deus”, diz ele, “não se compraz com sangue – e agir irrazoávelmente (syn logo) é contrário à natureza de Deus. A fé nasce da alma, não do corpo. Quem quer que conduza alguém à fé precisa da habilidade de falar bem e de julgar adequadamente, sem violência ou ameaças... Para convencer uma alma razoável, não é preciso um braço poderoso, ou armas de qualquer tipo, ou qualquer outro meio de ameaçar uma pessoa de morte....”

A afirmação decisiva neste argumento contra a conversão violenta é esta: não agir de acordo com a razão é contrário à natureza de Deus. O editor, Theodore Khoury, observa: Para o Imperador, um Bizantino formado pela filosofia Grega, esta afirmação é auto-evidente. Mas para a mentalidade muçulmana é absolutamente transcendente. A Sua vontade não está limitada por nenhuma das nossas categorias, mesmo pela da racionalidade. Aqui, Khoury cita um trabalho do notável islamista Francês R. Arnaldez, que assinala que Ibn Hazn foi tão longe a ponto de afirmar que Deus não está ligado a cumprir a sua própria palavra e que nada o obriga a revelar-nos a verdade. Se fosse essa a vontade de Deus, nós seríamos inclusive obrigados a praticar a idolatria.

Neste ponto, e tanto quanto somos capazes de compreender Deus e, por isso, a concretizar a prática da religião, deparamo-nos com um dilema inevitável. Será que a convicção de que actuar irrazoavelmente contradiz a natureza de Deus é apenas uma ideia Grega, ou é sempre e intrinsecamente verdade? Acredito que podemos ver a harmonia profunda entre o que é Grego no melhor sentido da palavra e a compreensão bíblica da fé em Deus. Modificando o primeiro versículo do Livro do Génesis, o primeiro versículo de toda a Bíblia, João começou o prólogo do seu Evangelho com as palavras: “No princípio era o Verbo” – logos -. Esta é a exacta palavra usada pelo Imperador: Deus age pela palavra (logos). Logos significa razão e palavra – uma razão que é creativa e capaz de auto-comunicação, precisamente porque é razão. João diz assim a última palavra sobre o conceito de Deus e nesta palavra todos os meandros penosos e tortuosos da fé bíblica encontram o seu cume e a sua síntese. No princípio era o verbo, e o verbo era Deus, diz o Evangelista. O encontro entre a mensagem bíblica e o pensamento Grego não aconteceu por acaso. A visão de S. Paulo, que viu as estradas da Ásia bloqueadas e num sonho viu um Macedónio pedindo-lhe “Passa à Macedónia e vem ajudar-nos” (cf. Acts 16:6-10) – esta visão pode ser interpretada como uma “destilação” da necessidade intrínseca de uma reaproximação entre a fé bíblica e a pesquisa Grega.

De facto, esta reaproximação já decorria há algum tempo. O misterioso nome de Deus, revelado na sarça ardente, um nome que separa este Deus de todas as divindades com todos os seus diferentes nomes e declara simplesmente: “Eu sou”, já representa um desafio à noção de mito, em analogia próxima com a tentativa de Sócrates de vencer e transcender o mito. No Antigo Testamento, o processo que começou na sarça ardente alcançou nova maturidade no tempo do Exílio, quando o Deus de Israel, um Israel então privado da sua terra e do seu templo, foi proclamado como Deus do céu e da terra e descrito numa fórmula que ecoa nas palavras sussurradas na sarça ardente: “Eu sou”. Esta nova compreensão de Deus é acompanhada por uma espécie de iluminação que encontra a sua expressão completa no desprezo de deuses que são simples obras de mãos humanas (Sl 115, 4). Assim, apesar do conflito amargo com os governantes helénicos que almejaram acomodá-la à força aos costumes idólatras do culto dos Gregos, a fé bíblica, no período Helenístico, encontrou o melhor do pensamento Grego num nível profundo, resultando num enriquecimento mútuo evidente, especialmente na mais tardia literatura da sabedoria. Hoje, sabemos que a tradução grega do Antigo Testamento produzida em Alexandria – a tradução dos Setenta – é mais do que uma simples (e, nesse sentido, realmente menos do que satisfatória) tradução do texto Hebreu: é um testemunho textual independente e um passo distinto e importante na história da revelação, um passo que trouxe consigo um encontro genuíno entre iluminação e religião, um passo que trouxe este encontro de forma tão decisiva que permitiu o nascimento e difusão do Cristianismo. Um profundo encontro entre fé e razão tem lugar agora, um encontro entre entre iluminação genuína e religião. Do próprio coração da fé cristã e, ao mesmo tempo, do coração do pensamento Grego então juntos pela fé, Manuel II podia dizer: Não agir “segundo o ‘logos’” é contrário à natureza de Deus.

Com toda a honestidade devemos observar que na Idade Média tardia encontramos tendência teológicas separatistas desta síntese entre o espírito Grego e o espírito Cristão. Em contraste com o assim chamado intelectualismo de Agostinho e de Tomás, surgiu com Dusn Escoto um voluntarismo que, nos seus desenvolvimentos mais tardios, levou a proclamar que nós só podemos conhecer a voluntas ordinata de Deus. Para além disto, é o domínio da liberdade de Deus, em virtude da qual, Ele poderia ter feito o oposto de tudo o que Ele realmente fez. Isto dá lugar a posições que se aproximam claramente das de Ibn Hazn e podem mesmo conduzir à imagem de um Deus caprichoso, que nem sequer está comprometido com a verdade e a bondade. A transcendência e alteridade de Deus são tão exaltadas que a nossa razão, o nosso sentido de verdade e de bem, já não são um autêntico espelho de Deus. Cujas possibilidades mais profundas permanecem eternamente inatingíveis e escondidas por detrás das suas decisões reais. Opostamente, a fé da Igreja insistiu sempre que entre Deus e nós, entre o Seu eterno Espírito Criador e a nossa razão criada existe uma analogia real, em que – como o 4.º Concílio de Latrão afirmou em 1215 – a dissemelhança permanece infinitamente maior do que a semelhança, porém, não ao ponto de abolir a analogia e a sua linguagem. Deus não se torna mais divino quando nós o empurrámos para longe de nós, num voluntarismo separador e voluntarista; pelo contrário, o Deus verdadeiramente divino é o Deus que se revelou como logos e, como logos, actuou e continua a actuar amorosamente por nós. Certamente, o amor, como S. Paulo diz, “transcende” o conhecimento e, por isso, é capaz de perceber mais do que só o pensamento (cf. Ef 3:19); apesar disso continua a ser o amor de Deus que é Logos. Consequentemente, a oração cristã é, citando outra vez S. Paulo – latreía logica – oração em harmonia com a Palavra eterna e com a nossa razão (cf. Rom 12:1).

Esta reaproximação interna entre a fé bíblica e a pesquisa filosófica Grega foi um acontecimento de importância decisiva do ponto de vista da história das religiões, mas também da história universal – é um acontecimento que nos diz respeito a nós mesmo hoje. Dada esta convergência não é surpreendente que o Cristianismo, apesar das suas origens e de alguns desenvolvimentos significativos no Oriente, adquiriu finalmente o seu carácter decisivo na Europa e permanece o fundamento daquilo a que podemos chamar com justeza, Europa.

A tese de que a herança Grega criticamente purificada forma uma parte integrante da fé Cristã tem sido confrontada com uma chamada à deshelenização do Cristianismo – uma chamada que tem dominado cada vez mais as discussões teológicas a partir do início da Idade Moderna. Vistos mais de perto, podemos observar três estágios no programa de dehelenização: apesar de interligados, são claramente distintos uns dos outros nas suas motivações e objectivos.

A deshelinização emerge em primeiro lugar em ligação com os postulados da Reforma no século XVI. Olhando para a tradição da teologia escolástica, os Reformadores viram-se confrontados com um sistema de fé totalmente condicionado pela filosofia, isto é, com uma articulação da fé com um sistema estranho de pensamento. Em resultado disto, a fé não mais aparece como uma Palavra histórica viva mas como um elemento de um sistema filosófico regulador. O princípio sola scriptura, por outro lado, pensou a fé na sua forma mais pura e primordial, como originalmente se encontra na Palavra bíblica. A Metafísica apareceu como uma premissa derivada de outra origem, da qual a fé tinha que ser libertada, de modo a poder tornar-se mais ela própria. Quando Kant afirmou que precisava de pôr o pensamento de lado de modo a dar espaço à fé, levou este programa a um radicalismo que os Reformadores nunca tinham sonhado. Deste modo, ele ancorou a fé exclusivamente na razão prática, negando-lhe o acesso à realidade como um todo.

A teologia liberal dos séculos XIX e XX deslizou para um segundo estádio no processo de deshelenização, com Adolf Harnack como seu representante mais significativo. Quando eu era estudante e nos meus primeiros anos de aprendizagem, este programa era muito influente mesmo na teologia católica. Tomou como seu ponto de partida, a distinção de Pascal entre o Deus dos filósofos e o Deus de Abrão, Iasaac e Jacob. Na minha lição inaugural em Bona, em 1959, tentei abordar este assunto e não tenciono repetir aqui o que disse nessa ocasião, mas simplesmente descrever, pelo menos brevemente, o que era novo neste segundo estádio de deshelenização. A ideia central de Harnack era voltar simplesmente ao homem Jesus e à sua mensagem simples, por debaixo dos acréscimos de teologia e verdadeiramente de helenização: esta mensagem simples era vista como o culminar o desenvolvimento religioso da humanidade. Jesus teria posto termo à adoração em favor da moralidade. Em última análise ele era apresentado como o pai de uma mensagem moral humanitária. Fundamentalmente, o objectivo de Harnack era voltar a trazer o Cristianismo para a harmonia com a razão moderna, libertando-o, numa forma de dizer, de elementos filosóficos e teológicos tais como a fé na divindade de Cristo e no Deus trinitário. Neste sentido, a exegese histórico-crítica do Novo Testamento, tal como ele a via, rerstaurava à teologia o seu lugar na Universidade: a teologia, para Harnack, é qualquer coisa essencialmente histórica e, portanto, estritamente científica. O que ela é capaz de dizer criticamente acerca de Jesus é, por assim dizer, uma expressão da razão prática e consequentemente pode tomar o seu lugar de direito na universidade. Por detrás deste pensamento, jaz a auto-limitação moderna da razão, expressa classicamente por Kant nas suas “Críticas”, mas ao mesmo tempo, ainda mais radicalizada pelo impacto das ciências naturais. Este conceito moderno de razão é baseado, para o dizer brevemente, numa síntese entre Platonismo (Cartesianismo) e empiricismo, uma síntese confirmada pelo sucesso da tecnologia. Por um lado pressupõe a estrutura matemática da matéria, a sua racionalidade intrínseca, que torna possível compreender como a matéria funciona e como a usar eficientemente: esta premissa básica é, por assim dizer, o elemento Platónico na compreensão moderna da natureza. Por outro lado, há uma capacidade da natureza para ser explorada para os nossos propósitos e aqui, apenas a possibilidade de verificação ou falsificação através da experimentação pode conduzir à certeza. O peso entre estes dois pólos pode, dependendo das circunstâncias, mudar de um lado para outro, a ponto de Jean Monod, um forte pensador positivista, se ter declarado um convicto platónico/cartesiano.

Isto dá origem a dois princípios cruciais para a questão que levantamos. Em primeiro lugar, só o tipo de certeza que resulta da interacção entre elementos matemáticos e empíricos pode ser considerada científica. Algo que se reclame científico pode ser confrontado com este critério. Deste modo, as ciências humanas, como a história, a psicologia, a sociologia e a filosofia, tentam conformar-se com este canon de cientificidade. Um segundo ponto, importante para as nossas reflexões, é que pela sua própria natureza este método exclui a questão de Deus, fazendo-a aparecer como não científica ou como uma questão pré-científica. Consequentemente, deparamo-nos com uma redução do alcance da ciência e da razão que precisa de ser questionada.

Voltarei a este problema mais tarde. Entretanto, deve observar-se que deste ponto de vista qualquer tentativa de manter a pretensão teológica de ser “científica” acabaria reduzindo o Cristianismo a um mero fragmento da sua identidade inicial. Mas devemos avançar: se a ciência como um todo é isto e isto só, então é o próprio homem que acaba sendo reduzido, porque as questões especificamente humanas acerca da sua origem e do seu destino, as questões levantadas pela religião e pela ética, não terão então lugar no conjunto dos objectos da razão colectiva como definida pela “ciência”, assim compreendida, e devem, por conseguinte, ser relegadas para o domínio do subjectivo. O sujeito então decide, na base das suas experiências, aquilo que ele considera adequado em matérias de religião, e a “consciência” subjectiva torna-se o único árbitro do que é ou não ético. Deste modo, contudo, a ética e a religião perdem o seu poder de criar uma comunidade e tornam-se uma matéria completamente pessoal. Este é o perigoso estado de coisas da humanidade, tal como vemos a partir das perturbadoras patologias da religião e da razão que irrompem necessariamente quando a razão é de tal modo reduzida que as questões de religião e ética já não lhe dizem respeito. As tentativas de construir uma ética a partir das regras da evolução ou da psicologia e sociologia, acabam por se mostrar simplesmente desadequadas.

Antes de retirar as conclusões a que tudo isto conduz, devo referir brevemente o terceiro estádio de deshelenização, que está em progresso. À luz da nossa experiência com o pluralismo cultural, diz-se frequentemente hoje que a síntese com o Helenismo conseguida na Igreja inicial era uma inculturação preliminar que não deveria ser obrigatória para as outras culturas. Diz-se destas últimas que têm o direito de regressar à mensagem simples do Novo testamento, anterior àquela inculturação, de modo a poderem inculturar de novo de cada modo particular correspondente ao ambiente em que se encontram. Esta tese não é apenas falsa; é grosseira e imprecisa. O Novo Testamento foi escrito em Grego e traz consigo a impressão do espírito Grego, que já tinha atingido a maturidade enquanto se desenvolvia o Antigo Testamento. É verdade que há elementos de verdade na evolução da Igreja inicial que não têm que ser integrados em todas as culturas. Contudo, as decisões fundamentais tomadas acerca da relação entre fé e o uso da razão humana são parte integrante da mesma fé; são desenvolvimentos consonantes com a natureza da própria fé.

E chego assim à minha conclusão. Esta tentativa, a pinceladas largas, de uma crítica da razão moderna por dentro, que não tem nada a ver com recuar no tempo anterior ao Iluminismo ou rejeitar as conquistas da idade moderna. Os aspectos positivos da modernidade devem ser reconhecidos sem reservas: estamos todos gratos pelas maravilhosas possibilidades que foram abertas à humanidade e ao progresso que nos foi concedido. O ethos científico, é, para além disso, - como mencionou o Magnífico Reitor – a vontade de obedecer à verdade e, deste modo, incorpora uma atitude que pertence às decisões essenciais do espírito do Cristianismo. A intenção aqui não é de entrincheiramento ou de criticismo negativo, mas de alargamento do nosso conceito de razão e da sua aplicação. Ao mesmo tempo que nos alegramos com as novas possibilidades que se abrem à humanidade, também vemos os perigos que decorrem destas possibilidades e devemos perguntarmo-nos como os poderemos ultrapassar. Seremos bem sucedidos só se a razão e a fé se juntarem de uma forma nova, se ultrapassarmos a auto-imposta limitação da razão ao empiricamente verificável, e se uma vez mais libertarmos os seus vastos horizontes. Neste sentido, a teologia tem lugar na universidade e dentro do largo leque de diálogo entre as ciências, não apenas como uma disciplina histórica e uma das ciências humanas, mas precisamente como teologia, como inquérito sobre a racionalidade da fé.

Só assim nos tornaremos capazes desse diálogo genuíno entre culturas e religiões tão urgentemente necessário hoje. No mundo ocidental domina largamente a opinião de que só a razão positivista e as formas de filosofia nela baseadas são válidas universalmente. Contudo, as culturas do mundo profundamente religiosas vêm esta exclusão do divino da universalidade da razão como um ataque às suas mais profundas convicções. Uma razão que é surda ao divino e que relega a religião para o âmbito das subculturas é incapaz de se inserir num diálogo de culturas. Ao mesmo tempo, como tentei mostrar, a razão científica moderna com o seu elemento intrinsecamente Platónico traz consigo uma questão que aponta para além de si própria e para além das possibilidades da sua metodologia. A razão científica moderna tem, muito simplesmente, que aceitar a estrutura racional da matéria e a correspondência entre o nosso espírito e as estruturas racionais prevalecentes na natureza como um dado, na qual a sua metodologia tem que ser fundada. Contudo, a questão porque isto tem que ser assim é uma verdadeira questão que tem que ser redireccionada pelas ciências naturais para outros modos e planos de pensamento – para a filosofia e a teologia. Porque a filosofia e, apesar de em modo diferente, a teologia, escutando as grandes experiências e descobertas das tradições religiosas da humanidade, e as da fé cristã em particular, é uma fonte de conhecimento, e ignorá-lo seria uma restrição inaceitável do nosso ouvir e responder. Aqui lembro-me de algo que Sócrates disse a Phaedo. Nas suas primeiras conversas, tinham surgido muitas opiniões filosóficas falsas e então Sócrates diz:”Seria facilmente compreensível que alguém ficasse tão aborrecido com todas estas noções a ponto de, para o resto da sua vida, desprezar e troçar de toda a conversa acerca do ser – mas deste modo ficaria privado da verdade da existência e sofreria uma grande perda”. O Ocidente tem, desde há muito tempo, sido ameaçado por esta aversão às questões que suportam a sua racionalidade e daqui para a frente só pode ser ainda mais prejudicado. A coragem de incluir todo o âmbito da razão, e não a negação da sua grandeza: é este o programa com que uma teologia enraizada na fé bíblica entra nos debates do nosso tempo. “Não agir razoavelmente, não agir com logos, é contrário à natureza de Deus” disse Manuel II, de acordo com a sua compreensão cristã de Deus, em resposta ao seu interlocutor persa. É a este grande logos, a este respiro da razão, que convidamos os nossos parceiros no diálogo de culturas. Redescobri-lo constantemente é a grande tarefa da universidade.

Aula Magna da Universidade de Regensburg, 12 de Setembro de 2006


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